sábado, 28 de maio de 2011

então olha

Tá aberto.
não tem nada. não um nada como o seu, fechado, seco e endurecido. um nada como se uma agulha tivesse feito um furo e tudo de dentro começasse a esvaziar. escorrer. perder. perdi. tudo foi embora. e agora tá com um furo, ainda escorrendo...não tem nada, mas pelas bordas ainda dá pra achar algo.

e agora que tem um buraco
uma brisa
por mais calma e serena que seja
entra. e fica rodando aqui, me eternecendo para depois escapar pelas bordas.


pronto
tá aberto. viu?
não tem. alguém espetou, furou, saiu. tem restinho na borda. mas todo mundo tira as lasquinhas da borda. todo mundo leva um pouco do bom
que restou.

então olha
é tudo que você pode fazer
porque acaba
e se fecha
um dia volta,
quem sabe...


















...a abrir.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

ai, doce

Doce, doce, doce, doce, é tão doce. Não tanto, não de enjôo, mas é doce. Doce que eu ficaria olhando e derreteria feito açúcar na água, açúcar tão doce. Apetece não enjoa fica assim doce e ai, não sorri assim, é doce.
Como uma nuvem macia. Doce. Eu lamberia, porque é, ui, doce.

Aqui na minha boca o gosto fica melhor.

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das Mães na família do Seu Raimundo

Chegou o dia tão esperado. O que Seu Raimundo tinha prometido a semana toda, senão o mês inteiro para as meninas. Prometeu para o mais velho também, mas ele se faz de desentendido, como quem não quer nada. É dia das mães e todos eles vão comer no McDonalds. Não vão comer muito, nem dá pra se dar ao luxo de sobremesa, mas é um agrado, uma satisfação que o pai de família pode dar. Com um salário de fome de 545 reais, comer fora só se for no Bom Prato. Mas as crianças gostam do Mc e dói ver que não dá pra pagar. Mas nessas datas, Raimundo tira uns trocados do bolso e faz a alegria do segundo domingo de Maio. Todos vão ao shopping lotado, onde a maior parte de quem quer comer se concentra justamente no McDonalds. A demora pra pegar os lanches é maior do que comer. Seu Raimundo, esposa, o mais velho e as duas meninas esperam os lanches. Depois de um tempo, chegam: três sanduíches, duas batatas, um milk shake e um refrigerante. A esposa e o mais velho dividem o lanche entre mordidas. As duas meninas dividem o Big Mac ao meio. Seu Raimundo não come, só espera a família se satisfazer no lanche prometido e doído porque não pode dar um combo pra cada um. Belisca algumas batatas. Em dez minutos já acabou tudo. A família fica na mesa mais dez minutos, se entreolhando. Terminando o milk shake, o preferido da esposa. Porque hoje é o dia dela, ela mereceu. Todos se levantam, hora de ir pra casa, não há mais nada pra se fazer no lugar onde todos vão para gastar. Próxima ida ao McDonalds? Em Agosto...a gosto de Deus! "Brincadeira, meninas". É, em Agosto, quando tiver o dia dos pais.

domingo, 1 de maio de 2011

(inter)(não)dito

Favorece dizer
tudo.
Tudo
favorece dizer.
mas não diz
porque não sabe
se sente
se diz
não se sente
não se diz
não se sabe
sabe
que sente
mas não sabe se o sentir é por favorecer tudo
e o impulso
de dizer
com tanta coisa
com tudo rodando
com uma epifania
!
não digo...
não dito.
Então,
fica
interdito
no suspiro leve
no movimento lento
na pele que