sexta-feira, 22 de julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

- Eu vejo muito de mim em você. Não da minha personalidade e essência, mas as vezes você me parece o reflexo de muito do que eu queria.
- Uma projeção?
- Sim, mas não, você é real.
- Quem disse que tudo é verdade?
- Quem disse tudo é mentira?
- Você acredita!
- Eu confio!
- Você não tem medo?
- Você não tem coragem?

sábado, 28 de maio de 2011

então olha

Tá aberto.
não tem nada. não um nada como o seu, fechado, seco e endurecido. um nada como se uma agulha tivesse feito um furo e tudo de dentro começasse a esvaziar. escorrer. perder. perdi. tudo foi embora. e agora tá com um furo, ainda escorrendo...não tem nada, mas pelas bordas ainda dá pra achar algo.

e agora que tem um buraco
uma brisa
por mais calma e serena que seja
entra. e fica rodando aqui, me eternecendo para depois escapar pelas bordas.


pronto
tá aberto. viu?
não tem. alguém espetou, furou, saiu. tem restinho na borda. mas todo mundo tira as lasquinhas da borda. todo mundo leva um pouco do bom
que restou.

então olha
é tudo que você pode fazer
porque acaba
e se fecha
um dia volta,
quem sabe...


















...a abrir.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

ai, doce

Doce, doce, doce, doce, é tão doce. Não tanto, não de enjôo, mas é doce. Doce que eu ficaria olhando e derreteria feito açúcar na água, açúcar tão doce. Apetece não enjoa fica assim doce e ai, não sorri assim, é doce.
Como uma nuvem macia. Doce. Eu lamberia, porque é, ui, doce.

Aqui na minha boca o gosto fica melhor.

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das Mães na família do Seu Raimundo

Chegou o dia tão esperado. O que Seu Raimundo tinha prometido a semana toda, senão o mês inteiro para as meninas. Prometeu para o mais velho também, mas ele se faz de desentendido, como quem não quer nada. É dia das mães e todos eles vão comer no McDonalds. Não vão comer muito, nem dá pra se dar ao luxo de sobremesa, mas é um agrado, uma satisfação que o pai de família pode dar. Com um salário de fome de 545 reais, comer fora só se for no Bom Prato. Mas as crianças gostam do Mc e dói ver que não dá pra pagar. Mas nessas datas, Raimundo tira uns trocados do bolso e faz a alegria do segundo domingo de Maio. Todos vão ao shopping lotado, onde a maior parte de quem quer comer se concentra justamente no McDonalds. A demora pra pegar os lanches é maior do que comer. Seu Raimundo, esposa, o mais velho e as duas meninas esperam os lanches. Depois de um tempo, chegam: três sanduíches, duas batatas, um milk shake e um refrigerante. A esposa e o mais velho dividem o lanche entre mordidas. As duas meninas dividem o Big Mac ao meio. Seu Raimundo não come, só espera a família se satisfazer no lanche prometido e doído porque não pode dar um combo pra cada um. Belisca algumas batatas. Em dez minutos já acabou tudo. A família fica na mesa mais dez minutos, se entreolhando. Terminando o milk shake, o preferido da esposa. Porque hoje é o dia dela, ela mereceu. Todos se levantam, hora de ir pra casa, não há mais nada pra se fazer no lugar onde todos vão para gastar. Próxima ida ao McDonalds? Em Agosto...a gosto de Deus! "Brincadeira, meninas". É, em Agosto, quando tiver o dia dos pais.

domingo, 1 de maio de 2011

(inter)(não)dito

Favorece dizer
tudo.
Tudo
favorece dizer.
mas não diz
porque não sabe
se sente
se diz
não se sente
não se diz
não se sabe
sabe
que sente
mas não sabe se o sentir é por favorecer tudo
e o impulso
de dizer
com tanta coisa
com tudo rodando
com uma epifania
!
não digo...
não dito.
Então,
fica
interdito
no suspiro leve
no movimento lento
na pele que

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Relatos de uma certa família caipira

"O vô quando veio pra São Paulo, ele era casado e tinha duas filhas. A Tia Neiva era pequena, não sei a idade...pode chutar? A Tia Nadir nasceu em 60, eu acho que ele veio em 58 ou 59. Veio numa situação difícil, minha mãe tinha ficado doente, veio endividado, deixou dívidas em Divinolândia. Chegando aqui, ele morou de aluguel na Vila Matilde, depois ele conheceu um senhor crente, o senhor Otávio. O Senhor Otávio ajudou muito ele, assim o papai comprou um terreno na Vila Nhocuné e o Otávio foi pedreiro, eu acho. Foi quando o papai arrumou um emprego na Rivoli, uma empresa de importação de azeitonas. Trabalhou muitos anos nessa empresa. No meio disso, nasceu a Nadir. Esse lugar na Nhocuné era um bairro muito precário, começando...não tinha asfalto e pra pegar condução ele ia apé até a estação de trem em Artur Alvim, bem precário, cheio de mato. Minha mãe começou a trabalhar como ajudante de cozinha num hospital e com o tempo estudou, terminou o primário, ginásio, até fazer o curso de auxiliar de enfermagem, quando começou a trabalhar no mesmo hospital, como enfermeira.
Eu nasci em 63. Nossa vida era muito simples, muito difícil, nossas irmãs mais velhas cuidavam de mim e, no futuro, em 66, do Enio, meu irmão mais novo.
Não sei se interessa, mas no começo de tudo isso, minha mãe perdeu um filho. Ela teve eclanpsia. Ela caiu na roça, acho que bateu a barriga e acabou abortando. Ela era muito jovem, acho que tinha 16 anos, nem viu o bebê nascer e nasceu morto...Eclanpsia? É um problema que as vezes a mulher tem no parto e não sei exatamente o que dá, mas minha mãe ficou fora de si, meio doida, não falava coisa com coisa, pegava um paninho e nanava como se fosse o nenê que morreu, ah, meu pai contava essa história pra gente e nós chorávamos.
Bom, minha mãe foi enfermeira, meu pai continuou trabalhando naquela empresa durante muitos anos e depois, não lembro em que fase, meu pai pegou uma doença chamada novralgia no trigênio, é um nervo na cabeça. Ele tinha dores terríveis no rosto, os médicos não sabiam o que era, fizeram cirurgias experimentais, a boca ficou totalmente torta por um tempo, fez de um lado, de outro, foi muito sofrimento pra ele e ele acabou se aposentando por invalidez, mais cedo do que deveria. Minha mãe era muito batalhadora, meu pai era mais...como eu digo? Apesar de ser trabalhador, era muito dependente emocionalmente da minha mãe. Minha mãe era dura, não demonstrava muito carinho, meu pai fazia a gente dormir no colo, eu era a mais apegada à ele.
Eu tive uma vida melhor por ser mais nova e mais apegada ao meu pai. Minhas irmãs sofreram mais, elas era mais velhas e tinham que cuidar da gente, tipo aquela vez que eu quebrei o braço e elas tiveram medo do meu pai descobrir. Na parte de alimentação era precário, meus pais tinham uma vida muito dura, com vários filhos...minhas irmãs foram, assim, com uma vida difícil. Mas foi gostosa também, elas brincavam na rua, a Inês era muito moleca: soltava pipa, jogava bolinha de gude, brigava com os meninos. Eu fui mais quieta. A Neiva, por ser a segunda acabava sendo...ah, sei lá. A Nadir que era do meio, era mais difícil, que aprontava, tipo fugia de casa pra fazer piquenique em Pedreira e quando voltava pra casa apanhava. Eu era cúmplice dela e morria de medo...
Nossa alegria era todo começo de ano que a gente viajava pra roça, onde meus pais nasceram. A gente adorava, era diferente pra gente. Tinha pintinho, galinha, água da bica, não tinha luz e a gente adorava brincar lá. Quando a gente chegava lá, tinha uns primos que se escondiam no paiol porque tinham vergonha da gente que era da cidade, mas aos poucos eles apareciam.
A primeira sair de casa, foi na ordem de irmã mais velha pra mais nova mesmo. A Inês foi a primeira e se casou num dia que choveu muito, muito, muito, eu tinha dez anos."

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Caindo de amor
Caindo aos pedaços
Caindo...fora!








(Mariana Ambrósio, que eu lembro sim que foi ela que inventou)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

agora eu era o herói

Agora eu era o herói
da minha própria alma
da minha própria sanidade
e tudo estava bem
tudo ok
tudo dito, não dito, interdito
quis me esconder, fugir, sair
mas dentro desse corpo não se pode sair
sem que morra.
E como a vida
é a minha intensidade
e eu sou o herói
preciso
respirar
e aprender
o tranquilo
pôr a língua
para a fora
e lamber
o vento.
Ai,
ai de prazer.
Está aqui, dom quixote
eu, dom quixote
luto contra os monstros que não existem
e fantasio um bicho no moinho
só porque eu sei que ninguém é obrigado
a ser seu próprio herói
porque já se previniu com as armaduras

(eu vou rir...)

Eu sou
eu vou
porque se eu sinto tanto
posso sentir de tudo
e de todos
e exclamar
fingindo sorrir na dor
fingindo dor no sorriso
mas o que serei mesmo
é o tão real.
Serei aprendendo
e sempre direi
o que é que a vida vai fazer de mim?

quinta-feira, 31 de março de 2011

Igual, só que mais doce.

terça-feira, 29 de março de 2011

thirteen

Ele estava inválido, mas somente o seu corpo estava quebrado.
Não é tão simples nem é fácil de explicar.
Vamos deixar assim ela disse,
e fecha o livro sagrado das mentiras,
e cobre seus olhos,
negando a si mesma o que pensou acontecer.

segunda-feira, 21 de março de 2011

sentir

Não havia luz nenhuma para ver
até porque
os olhos se manteram fechados,
dessa forma
era mais fácil sentir
tudo
cada pedaço, cada intensidade, cada tudo
cada milímetro procurava com força
e vontade e emoção
não havia luz
os olhos não viram
os olhos reviraram
os olhos permitiram o aguçar do tato
tudo
um mundo
em cima de outro
...


esses olhos não veêm mais luzes
sentem os absurdos
de palpitar
e as manias
e o ridículo.
sente, sente, sente, sente, sente, sente, sente incansavelmente.
sentindo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Que

Aperto na expectativa
sentimento de merda.
os olhos contornam o movimento da rua
procuram o contorno estreito
tão familiar
que divaga sobre essa cabeça que vos fala.
e no fim,
os olhos sem levantam
foi tão dramático!
olhos levantados que miram um poste de luz
onde cai uma chuva que ainda que fina
desce forte e intensa
e ao olhar todos os pingos juntos
aperta

dentro
no fundo
os olhos espremem
mas a água deles só vêm depois.
tudo disperso
perdido
ainda que não há admissão
sei
tenho conhecimento
de todas as palpitações.
e não há brincadeira
nem negação
porque toda vez que se sente
na mente
os olhos que cravam
a boca que toca
a pele que roça
toda vez
(toda [in]feliz vez)
a costela
estranhamente
congela
arrepia
um frio
nunca sentido antes.
...não tão intenso.


Não nego
que sinto
que vêm
que dói
que entra
que come
que fode
que arrebata
que leva os olhos pra longe
que leva a mente para desconcentrar
e que dói
e que deixa
tudo assim
como todos os olhares que me deixaram até agora
ali na palma
caindo
aos pedaços.

domingo, 13 de março de 2011

não sei

pierrot diz:
não liga mais então, deixa ele vir atrás
colombina diz:
ele não vem...
pierrot diz:
e pra que vc quer alguém que não vá até você?

sábado, 12 de março de 2011

Adoro usar nomes como desculpa, mas dessa vez eu digitei sem querer. Tô rindo.






Caindo.

sábado, 5 de março de 2011

Sinceramente,

Eu não sei não. E ainda que eu não seja Saramago nem queira ser e nunca serei parecida eu vou falar assim sem vírgulas e corrente porque é assim que eu me sinto. Tudo bem que as linhas ficavam entre suspiros divagando sentimentos mas é no borbulho das coisas que tem sido que eu corro e apareço de surpresa pra mim mesma e sei lá que merda é essa de ser constantemente inconstante o que não deixa de ser uma constância, mas o que eu estou dizendo é que eu não reconheço e oras que estou sozinha outras estou de olhos arregalados mas estou sempre cedendo porque é assim que a gente aceita as coisas, as experiências, a vida e o que eu quero é vida, boy, é assim ó quando a gente abre a boca na garoa e deixa a água entrar, eu tô é de boca aberta pra essa tal dessa vida, eu tô sendo muito confusa? Tanto que não tem problemas se na minha mão ninguém pega, a vida chega até a boca e é com ela que eu falo, essa minha boca aberta que fala, que come, que sorri e que beija, sim, eu sei da risada também e eu sei porque você está rindo mas é desse jeito que eu reparo nas coisas, aliás, desculpa se eu reparo demais mas é assim que eu faço poesia na minha vida porque senão eu vou sucumbir e isso não tem nada haver com quem anda de boca aberta. Na verdade de mim não sairão certezas tão cedo ainda porque ninguém me da certezas mas acho bom me manter assim, a vida sempre chega, tu vens e eles vem também fica todo mundo e é loucura tão grande. Assim eu coloco esse sorriso e saio correndo, porque a vida vem, a vida vem. Sinceramente, eu sei que vem.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

tão eu

No fim,
dramatizando um pouco
é assim:
para rir
precisa bater
para bater
precisa ser fraca
que se entrega
e fecha os olhos
e esquece
e voa
vai pra longe
alta e seca.

No fim,
a cama está emaranhada
fria
a cabeça se confunde
na fragilidade de um corpo que tanto sacia
mas que tanto suplica
e não sabe
só exclama
e pula
e vibra
e procura
e sorri
ao toque.

No fim,
não sobraram
as estrelas de fevereiro
só escuridão
porque pulou
subiu pelas paredes
deu um sorriso cínico
e um até mais tarde.

No fim,
um bloco que se estende por uma avenida
de uma alma que nasceu numa sexta-feira de carnaval
e não sabe o que fazer
e não sabe onde ir
mas sorri
e ri falsamente
mas sorri sinceramente
porque (você vai rir)
o estômago pula.
(nem entendi direito)


No fim,
a chuva cai
na véspera de um aniversário
indeciso
sozinha
sóbria
tentando salvar
o que ainda resta
de bom da alma
nem que seja
pra pular na festa da carne humana.

tão eu, tão eu, tão eu, tão eu...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tudo Bem

Se a destruição acontecer
se o controle for perdido
se o impulso chegar mais forte
se as decisões forem erradas
se a rejeição tomar parte
se não achar que tudo vale por carinho

se
as coisas não saírem
as coisas não entrarem
se o nó apertar
se o estômago revirar
se não tiver engano
mas não tiver certezas
se não fluir
se não incrustar.


Tudo Bem.



desde que
fique,
perto e junto
deixando ver
a lua na fresta da janela
pra depois amanhecer com o sol fazendo pontos
na pele
e sorrir de perto
e fingir que é
ou nem fingir
mas esquecer que
nada é certo
esquecer que
existem os outros.
Tudo Bem,
mas fique.

deixa o olho mais claro na luz
e o movimento mais perto das mãos
se for assim
se for daquele jeito
ou daquele outro
se, se, se...Tudo Bem.

mas fique.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Vazão

Saiu de controle
a paz
a calma
a destruição
a punição
a culpa...
...a culpa.

vem
dor
vem
sensível
vem
tocando
vem
mentindo
vem
verdades
que doem mais.

perda,
perda.
Dúvida, incerteza, indecisão.
Destruir, acabar, julgar.
Deixar, gostar, odiar.
Dar, receber, esquecer...lembrar.

Lembrar
todos os dias
o que não foi visto
no escuro
mas sentido
da silhueta
bonita.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Luz

A rua silenciosa e amarelada pelas luzes dos postes
burburinho dos moradores clandestinos
e a guarda civil metropolitana em quem não confiamos
a rua mais segura daqueles minutos.

depois
as luz do sol
que queima
e depois vira um ponto minúsculo dentro de um olho
mas de tão pequeno se vê
a cabeça doi
mas é bom ver.

as luzes viram uma sequência de pontinhos de luzes
enfileirados
refletidos
no corpo
porque caiu a noite
e a luz natural só emana
da alma.
artificial
reflete na pele.
O corpo
dentro
e
fora
funciona
cansa
dorme


acorda
com outro sol.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

eu queria ser um personagem de um filme do woody allen

intensos
impunes
malucos
não-lúcidos
que acreditam.
poros
abertos
receptivos
mas
com receios,
contraídos.
impulsivos
cômicos
saindo
de
tudo
impunes...

Exclamativos.
tão
tão
tão
psicóticos
que correm
até



o largo da batata.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

exis

adivinha?
outra manhã
e lá estava um teto branco
e tão branco
imenso
a mistura de todas as cores
em cima.
riso
por ter procurado
pelo teto branco
no dia em que já estava lá.
na tv
reflete o céu azul
e uma casa
branca.
se a alma
tivesse cores
seriam todas
então dessa mistura
seria branca.
e tão leve
serena
sem peso
sem saber o que fazer
mas voando como pena.
qualquer calor
fazia um vento bater
um sono ficar
sem querer pensar
...



acontecendo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

outras manhãs
se levantaram
doloridas
sem que a cabeça quisesse pensar
comida que não desce
sempre sai um choro
um choro estúpido com torrada na boca
seco
lágrimas limpadas
o reflexo no espelho
que não serve pra refletir mais nada.
e o desejo que tudo conspire
para dar errado ou certo
mas que a cabeça
não esteja
vazia.
vazia a cabeça
tudo vem
mais de 700 dias
ou um único só
e toda água do olho
cai...
ficar mais um pouco
e abraçar
ninguém.
o vento
eu mesma.
liberdade
e
tempo livre
de mentira
se na mente
ninguém é
livre.
mentiras
desgosto
são manhãs
e a noite
piora
cai o silêncio
e o pensamento
que se dispersa
roda no ar
crava os olhos
e tudo foi embora.
eu,
ele
tudo
!
o sono
profundo
que nunca quer acordar
pra não ver a manhã
vazia
de tudo
onde
nada
NADA
ficou
no lugar.
perdida
nua
sozinha
apenas com um nome



...

domingo, 30 de janeiro de 2011

esse texto existe na memória de palavras soltas da cabeça da autora e nunca existiu, não insista. se insistir, não acredito nego a existência jurando

era uma manhã
como todas as outras
só que era quente
tinha cheiro de cigarro
café e pão que não desciam
e se faziam necessários
sem piscar
a luz
entrava muito forte
na grande sala
e depois
entrava nos olhos
a luz
e a sala
não havia fôlego
só uma ar disperso
com nicotina
um estômago ruim
tomando café
ali, ali e ali
aqui!
paralelo
transversal
olhei o branco que é a mistura das cores
nada resolveu
no ar
a nicotina
o cheiro
que se dissipava
a cabeça não falava
só o estômago
efeitos
físicos
pousei
foi
voou
acabou
indo
subindo
DESCENDO
DESCENDO DA FORMA MAIS FORTE POSSÍVEL
não cabe
estranhezas
longe
daqui
aqui
mesmo
usou
do
discurso
.
com
o seu dito
do não dito
interdisse
anestesia
fome que não come
sem seu
sem sua
sem meu
sem sentido
o ar tem cheiro de shampoo
e de pasta de dente
queda livre!
nããão
queda forçada

risos
pra mais
tarde.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

você

não entende.


Nem eu.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Wagner

Não lembro do rosto, mas ainda vejo por inteiro o muleque que vinha no portão de casa "minha mãe tá aí?" Tinha jeito de bom rapaz, ainda que fosse muito menino pra ser um, era ingênuo e bom, bom rapaz. Filho de faxineira e mecânico, nunca deu essa desculpa pra se estrepar na vida. Aliás, a mãe trabalhava o dia todo e o menino limpava tudo, do banheiro a louça da cozinha, um bom rapaz. Uma vez o pai apanhou de policiais, por nada, ou por ser preto, o que não quer dizer nada, é um ser humano como a gente e todo mundo, mas o PM não quis saber e chutou a barriga do pai de Wagner.

São as coisas...eu não falei que Wagner era moreno, eu não falei da aparência porque não importa, mas eu também não me lembro.

O pai e a mãe de Wagner tiveram problemas. Depois que ele teve duas irmãs, eles tiveram desavenças. O pai era bom homem, simpático e gentil, mas fiquei sabendo que ele já levantou a mão pra mãe do Wagner. Levantou e abaixou. Saiu de casa, mas Wagner, apesar da preguiça de trabalhar, não se abalou. Wagner tinha ingenuidade, não era malandro.
A mãe dele fez curso de enfermagem, depois de anos faxinando a casa alheia, hoje é enfermeira. A mãe bonita e determinada, deixou tristes e orgulhosas as donas da casa que tinham a casa limpada. Era uma boa mulher! mas que brilhe bonito na enfermagem.

O primo de Wagner metido com coisa ruim foi morar com ele. Foi assaltar o mercadinho e Wagner estava junto, de gaiato no navio. O primo fugiu e Wagner, na ingenuidade, assinou como réu confesso. Foi pra cadeia. Cumpriu um ano, conseguiu acordo e estava dois meses pra sair!

Dois meses!

Ligaram de lá e vi a tia do Wagner chorando. Ele se suicidou na cadeia.
A mãe do Wagner disse que o corpo não tinha expressão de suicídio. Tinha sorriso que a alma deixou.

No corpo que eu não lembro do rosto, mas era do Wagner.