quinta-feira, 26 de março de 2009

na minha cidade

São Paulo. Real e com amor declarado por essa cidade.
Eu moro em um bairro chamado Itaquera. Tem gente que diz que eu me escondo, moro no fim do mundo ou que é longe. É perto do metrô. Eu gosto. Poderia ser melhor mas eu não ligo. Nos últimos anos, o fim da minha rua ganhou uma avenida.
É normal.
Assalto na porta de casa, quase meia-noite. Levaram o carro mas deixaram ficar com a bolsa e mochila. A noite é a hora do crime.
De assustar. Mas essas coisas acontecem...

É o caos.
7h da manhã. Crianças indo pra escola, mães com bebês no colo, velhinhos comprando pão, homens de bicicleta. Distraida, com a cabeça na prova, de uniforme, por que aquele cara ficou me filmando?
Nem um minuto.
Empurro.
Tem uma arma apontada pro meu rosto.
Tem a minha mãe tentando se livrar do cinto de segurança. Por que você chutou minha mãe, seu desgraçado?
Leva o carro! Não deixa ficar com a bolsa! Espero que se divirta com os batons da avon! Minhas fotos 3x4 de quando eu era criança! O aparelho odontológico!
E o que a gente faz? nada. Aliás, faz sim. Faz B.O. . Liga pro seguro, cancela os cartões. Chora. Treme. Perde compromissos.

na porta da minha casa.
Analiso o instinto humano...se eu pudesse, eu cuspiria na sua cara, filho da puta. Eu estouraria sua cara! Eu te torturaria! Não aponta essa merda da sua arma pra mim. Mostra pra sua mãe, mostra pra mulher que te colocou no mundo o que você anda usando pra ganhar a vida. Não mexe com minha mãe. Não vem na porta da minha casa. Não deixa as crianças dessa geração ver a sua ação delinquente.
De manhã! Deu sua cara a tapa, as cores da sua roupa pra eu contar ao escrivão.
Desgraçado.
Deus te perdoe. e me perdoe também porque eu almadiçoo a vida dos dois.


Minha cidade, o que a violência fez contigo?
O que esse sistema fez?
Hoje eu quis sair do meu bairro.
Hoje estou com medo de ficar em casa.
Com medo de sair de casa.

terça-feira, 17 de março de 2009

O espaço de 1,60m torna-se imensidão. O cômodo de 3 metros torna-se pequeno.
Eu nem ao menos preciso tocar para nos elevar ao outro plano. Mas se eu toco, eu ouço explosão. Daquelas explosões boas.
Meus dias precisam de mais de 24 horas. Aquele tempo na estação, mais de 10 minutos. Porém, dentro das paredes azuis, o tempo pára. Só vejo que não parou quando "bom dia" é trocado por outra frase. Os olhos falam.
O mundo girou. Revezando entre o frenético e o suave.

terça-feira, 3 de março de 2009

No último sábado, abriu os olhos, esticou os braços, apertou os olhos "eu te amo".
eu fiquei cheia no peito, feliz. eu não lembro se eu sorri, ele disse que não. eu jurava que tinha sorriso, mesmo assim.
altamente encaixado.
o absurdo do empate.
Me da a mão aqui, eu te tiro do chão. Não sei se está aliado a minha capacidade mas é um desejo do meu coração.
Esforço, eu faço mais que um milhão! Eu deixo que as coisas aconteçam com naturalidade e num estalo seus olhos estão revirando e eu te vejo em cima, apontado, adeus.



Ah garoto, eu sou complicada.
inconstante, tento me livrar do impulso e nem sei dar uma descrição sobre mim.
Me diz agora, que riso é esse que eu solto quando seu pescoço me foge e tem boca sorrindo?
ou aquela magia que é boca em ouvido?
E quando eu pego, eu sinto, todos os dias na insatisfação.
Não questione, eu vou querer mais.


Sai aí do seu banho gelado de toalha e vem desse jeito aqui, eu preciso te contar algumas coisas.
Se eu conseguir pronunciar alguma coisa nesse clima.
Eu vou te falar de amor.
Eu vou falar do que sai aqui dentro.
Depois a gente se junta. Ou eu posso falar ao mesmo tempo.
Posso também ficar olhando pro seu olho.



Não fica nesse chão gelado,
vamos pro alto, lá.