domingo, 27 de fevereiro de 2011

tão eu

No fim,
dramatizando um pouco
é assim:
para rir
precisa bater
para bater
precisa ser fraca
que se entrega
e fecha os olhos
e esquece
e voa
vai pra longe
alta e seca.

No fim,
a cama está emaranhada
fria
a cabeça se confunde
na fragilidade de um corpo que tanto sacia
mas que tanto suplica
e não sabe
só exclama
e pula
e vibra
e procura
e sorri
ao toque.

No fim,
não sobraram
as estrelas de fevereiro
só escuridão
porque pulou
subiu pelas paredes
deu um sorriso cínico
e um até mais tarde.

No fim,
um bloco que se estende por uma avenida
de uma alma que nasceu numa sexta-feira de carnaval
e não sabe o que fazer
e não sabe onde ir
mas sorri
e ri falsamente
mas sorri sinceramente
porque (você vai rir)
o estômago pula.
(nem entendi direito)


No fim,
a chuva cai
na véspera de um aniversário
indeciso
sozinha
sóbria
tentando salvar
o que ainda resta
de bom da alma
nem que seja
pra pular na festa da carne humana.

tão eu, tão eu, tão eu, tão eu...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tudo Bem

Se a destruição acontecer
se o controle for perdido
se o impulso chegar mais forte
se as decisões forem erradas
se a rejeição tomar parte
se não achar que tudo vale por carinho

se
as coisas não saírem
as coisas não entrarem
se o nó apertar
se o estômago revirar
se não tiver engano
mas não tiver certezas
se não fluir
se não incrustar.


Tudo Bem.



desde que
fique,
perto e junto
deixando ver
a lua na fresta da janela
pra depois amanhecer com o sol fazendo pontos
na pele
e sorrir de perto
e fingir que é
ou nem fingir
mas esquecer que
nada é certo
esquecer que
existem os outros.
Tudo Bem,
mas fique.

deixa o olho mais claro na luz
e o movimento mais perto das mãos
se for assim
se for daquele jeito
ou daquele outro
se, se, se...Tudo Bem.

mas fique.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Vazão

Saiu de controle
a paz
a calma
a destruição
a punição
a culpa...
...a culpa.

vem
dor
vem
sensível
vem
tocando
vem
mentindo
vem
verdades
que doem mais.

perda,
perda.
Dúvida, incerteza, indecisão.
Destruir, acabar, julgar.
Deixar, gostar, odiar.
Dar, receber, esquecer...lembrar.

Lembrar
todos os dias
o que não foi visto
no escuro
mas sentido
da silhueta
bonita.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Luz

A rua silenciosa e amarelada pelas luzes dos postes
burburinho dos moradores clandestinos
e a guarda civil metropolitana em quem não confiamos
a rua mais segura daqueles minutos.

depois
as luz do sol
que queima
e depois vira um ponto minúsculo dentro de um olho
mas de tão pequeno se vê
a cabeça doi
mas é bom ver.

as luzes viram uma sequência de pontinhos de luzes
enfileirados
refletidos
no corpo
porque caiu a noite
e a luz natural só emana
da alma.
artificial
reflete na pele.
O corpo
dentro
e
fora
funciona
cansa
dorme


acorda
com outro sol.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

eu queria ser um personagem de um filme do woody allen

intensos
impunes
malucos
não-lúcidos
que acreditam.
poros
abertos
receptivos
mas
com receios,
contraídos.
impulsivos
cômicos
saindo
de
tudo
impunes...

Exclamativos.
tão
tão
tão
psicóticos
que correm
até



o largo da batata.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

exis

adivinha?
outra manhã
e lá estava um teto branco
e tão branco
imenso
a mistura de todas as cores
em cima.
riso
por ter procurado
pelo teto branco
no dia em que já estava lá.
na tv
reflete o céu azul
e uma casa
branca.
se a alma
tivesse cores
seriam todas
então dessa mistura
seria branca.
e tão leve
serena
sem peso
sem saber o que fazer
mas voando como pena.
qualquer calor
fazia um vento bater
um sono ficar
sem querer pensar
...



acontecendo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

outras manhãs
se levantaram
doloridas
sem que a cabeça quisesse pensar
comida que não desce
sempre sai um choro
um choro estúpido com torrada na boca
seco
lágrimas limpadas
o reflexo no espelho
que não serve pra refletir mais nada.
e o desejo que tudo conspire
para dar errado ou certo
mas que a cabeça
não esteja
vazia.
vazia a cabeça
tudo vem
mais de 700 dias
ou um único só
e toda água do olho
cai...
ficar mais um pouco
e abraçar
ninguém.
o vento
eu mesma.
liberdade
e
tempo livre
de mentira
se na mente
ninguém é
livre.
mentiras
desgosto
são manhãs
e a noite
piora
cai o silêncio
e o pensamento
que se dispersa
roda no ar
crava os olhos
e tudo foi embora.
eu,
ele
tudo
!
o sono
profundo
que nunca quer acordar
pra não ver a manhã
vazia
de tudo
onde
nada
NADA
ficou
no lugar.
perdida
nua
sozinha
apenas com um nome



...