terça-feira, 30 de março de 2010

Eles não acreditam mais em mim

A dor é uma úlcera, o descontrole um câncer. A dor de ter se tornado alguém que leva as pessoas ao nojo. A dor de perceber que faz mal aos outros. A dor de ver que tudo que se tentou ser, aconteceu ao contrário.
Há desconfiança nas pessoas que tem facilidade de machucar. O seu imprevisível é totalmente previsível para eles. Todos esperam a pior coisa de você.
A cura está perdida. Só resta clamar a Deus. Só resta chorar até que a dor amenize. Só resta fazer força para as coisas não repetirem. Sempre repetem...ela está doente. E quando não se repete, eles acham que está se repetindo. Porque ela está doente.
Descontrolada.
Bem descontrolada.
Medo.
Aflição.


Eles não acreditam.

terça-feira, 23 de março de 2010

pequeníssima utopia

- É o pai! Já chegou na USP? Tá trânsito? Vai chegar atrasada, né? Que horas é sua primeira aula? É do quê? Vai virar petista assim, hem! Como tá sua irmã? Ah, tô com uma sinuzite...É. Tá bom. Liga pro pai, viu? Tchau.

sábado, 20 de março de 2010

Dizer de novo:

- http://bahblabla.blogspot.com/2008/09/o-vazio-o-oco-o-nada.html -

Só que dessa vez, para outras pessoas.
Façam bom uso!

terça-feira, 9 de março de 2010

"A imprensa existe para satisfazer os aflitos e afligir os satisfeitos."

quinta-feira, 4 de março de 2010

metáfora

Um dia desconheci o mundo, era a época em que eu estava dentro do casulo. Ou da bolha. A bolha que eu interagia com quem estava dentro e tudo fora era muito embaçado, torpe e paranóico.
Outro dia eu quis agarrar o mundo com as mãos, com os braços, com as pernas, os pés e também quis abocanha-lo como se eu pudesse ingerir tudo que acontecesse, absorver tudo, acreditar em tudo, como em um rito antropofágico - onde uma guerreira, eu, comeria todos para absorver seu espírito, seus potenciais.
Acho que absorvi, absorvi tanto que fiquei fraca. Comi, comi, comi e fiquei com dor de estômago. Não tinha nada, não ingeri nada, era tudo tão vazio, fraco. Quando tinha algo, eu vomitava. Fiz greve. Mas comi em pequenas doses, as vezes eu só cheirava mas não comia. Muitas coisas ficaram só no nariz.
Mais outro dia eu nem estava cheirando, nem comendo, nem pegando, estava olhando e, de repente, o olhar penetrou a alma sem que eu sequer tocasse direito. Não foi invasivo, foi delicioso...
Então o mundo ficou parcial. Meio a meio.
Hoje em dia eu o pego na ponta dos dedos, cuidadosa como se pegasse em um cristal. Não que tudo seja digno de cuidados mas antes o cuidado e depois as atitudes que devem ser tomadas. As vezes eu aperto demais os dedos e o cristal se rompe, quebra bem na minha mão, espatifa em estilhaços e, muitas vezes, penetra minha pele fazendo sangrar. No entanto, nem sempre é de propósito o aperto forte, é tão sem sentido, quando vejo já está tudo ferido.
Quem sabe amanhã eu não aprenda a colocar na palma da mão, observar cautelosa e então viver.

É. Quem sabe...