terça-feira, 1 de junho de 2010

sensível

Se eu deitar meu corpo estendido e nu sob a superfície horizontal de minha cama, posso sentir da janela a brisa entrando e fazendo uma incômoda cócega nas minhas costas, brisa gélida que faz o corpo arrepiar, sentir frio. Ainda assim, se pegar o mais confortável cobertor para me esquentar e ali fazendo movimentos para acelerar o calor, após isso o cobertor faria a sua função passiva de apenas pousar sobre minha pele e ali abafar os 36 graus do meu corpo.
E se eu comer do doce mais saboroso, suculento e com leve toque azedo para aguçar, ali só se passa os pedaços pelos meus dentes e se despede para minha glote. à grosso modo, absorve nutrientes para o que restou virar merda. Não há vestígios agradáveis, nem sequer um brilho para olhar, a não ser que o papel do doce seja muito bonito.
Ainda que eu usar o mais ensandecido lisérgico e fizer uma viagem paranormal para um mundo de cores estouradas, sons progressivos e ecos de elfos, eu sei inconscientemente que em alguma hora as minhas asas irão quebrar e que me espatifarei no chão. Seguido, terei convulsões e, por que não?, aquele doce pode voltar pela minha boca novamente...E questionar, e chorar e voltar ao mundo não-ácido.

Se conheço a sua mão quente para esparramar sob meu corpo e brincar em qualquer canto que até eu mesma desconheça, posso deixar a janela aberta porque sei que podes me abraçar quando as primeiras bolinhas de arrepio aparecerem. E o confortável cobertor pode nos envolver e nos deixar mais perto, ou pode ser dispensável já que nossos 72 graus são suficientes para não haver incômodo.
O doce eu posso deixar para mais tarde, se aqui dentro da minha boca eu posso colocar a sua língua. Se posso te apalpar enquanto o sinto e após o ato, posso olhar as cores, as luzes e os raios que incendeiam os seus olhos. Posso fazer um sorriso nascer no canto da minha boca, irradiando uma gargalhada da sua. E sonhar com o encanto que são os sons, os tons e os cheiros que você faz.
Ah. Se na sensibilidade do seu toque ou o que é nós dois horizontalmente encaixados, posso me elevar a um plano transcendental onde todas as cores se misturam e o branco se faz. Pureza branca, tranquila, serena...As vezes ouço anjos mas tudo me parece no mais breve silêncio, quebrado apenas quando seu sussurro umidece meu ouvido. Vejo luzes e sei que minhas asas não podem se quebrar, porque tu me abraças e nos seus olhos fechados apertados não vejo a pretensão de me soltar. Voamos. Enrolados, rindo.

Porque o que é um abraço num tronco ocre de uma árvore centenária, senão o abraço no teu peito que me compensa com um ritmo, uma batida, um compasso. Abraço e sinto batidas no peito que se aceleram. O ponto emocional do seu cérebro é excitado e as batidas podem fazer música com as minhas.
Uma música que fazemos desde o dia em que me levantaste no meio da rua, debaixo da chuva e assim com um beijo selou parceria.

Música que é trilha sonora...



...do nosso longa-metragem sem fim.

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