domingo, 6 de junho de 2010

Suicídio

Vivo do egoísmo e prezo por mim o centro do universo. Não sou humilde. Invejo os humildes. Quando penso que estou pensando em nós como um todo, estou pensando em mim com todos, em somente eu, com grande ênfase. Grito. Argumento absurdos. Uso palavras para ofender, machucar. Palavras são minhas armas - não atingem à todos - mas são. Faço algumas promessas e alguns dizem que são falsas. Eu não sei e talvez esse seja meu maior defeito: não saber. Faço sem pensar mas não uso mais "impulso" no meu vocabulário. Ajo com a emoção. Sou energicamente raivosa e capaz de destruir tudo que construi com o mais silencioso primor de um equilíbrio racional. Construo e destruo. A mesma força que uso para agradar, uso para causar o amargamento. Exagero. Choro. Tenho vontade de usar minhas mãos para agredir mas hesito.

Vou matar. Dar morte. Privar da vida. Extinguir. Fazer murchar, secar. Farei tudo isso a essa pessoa que foi construída sob mim. Eu nem tinha visto e, quando notei, já estava sendo tal persona. Contrário de ter orgulho de assassinar-me e me expor em praça pública, me enterrarei no mais profundo sete palmos do "Existiu" para nunca mais sair. E odiar com força tudo que sofri por viver dentro de um corpo que não suportei. Cansaço de chorar de arrependimento por algo que disse há dois minutos.
Insuportável respirar aprisionada numa personalidade que não me pertence. Que não entendem e não conseguem entender. Que atribuem meus erros a ausência de emoção paterna.
Que seja,
estou matando.

vou voar em campos serenos
ser humilde em vestes brancas.
e só irei chorar da emoção do sublime respirar da vida. sorrirei para os que tentei doer com palavras.

mo
r
te

à

...

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